A série de retratos que aqui vemos traz uma carga
literária que o autor se encarrega de ressaltar na apresentação, nas
suas indagações e no corolário de sua dúvida. A inserção de elementos
gráficos sobre um mesmo fundo (herdada da arte pop) age aqui como
leit-motiv do conjunto e remete, obviamente, àquelas montagens que
celebrizaram Andy Warhol como retratista de celebridades. Neste caso,
Michelo parece ir no caminho inverso e faz de um modelo anônimo a base
de um exercício que pode ser inesgotável (tentativas de inscrever um
retrato, falado através de signos, caligrafias e ícones) e a
perturbadora sensação de que o intento falhou, de que será necessário
ampliar o repertório gráfico outro tanto e que, mesmo assim, nunca
conseguirá nos dizer quem é a pessoa retratada ou, como prefere ele *,
quem somos nós, refletidos no espelho da obra que estamos observando.
paladino dixit in julio 2014