quarta-feira, 18 de setembro de 2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Abertura da exposição Libero vem ai!

Sucesso de público
 apresentação da banda Fabrica

Libero, Luís G, Miguel, Egberto
Miguel Paladino


sábado, 7 de setembro de 2013

DESENH-ARTE ou as SETENTA E QUATRO PRECIOSIDADES (por Fabio Malavoglia)

Celebrado criador lapida desenhos até o estado-de-arte em rara mostra da linguagem na home-gallery La Mínima


Figuras tão expressivas que conseguem retratar claramente sentimentos – como preguiça, tédio, desejo ou estupor. Formas tão fluidas que flagram com pouquíssimos traços o ato marcial do aikido ou o vôo da capoeira. Linhas tão saborosas que esculpem algumas das mais palpáveis pin-up já desenhadas no Brasil. Composições tão bem-humoradas que contagiam de riso a hora em que são vistas. Paisagens tão descortinadas que abrem no papel a paz da Natureza. Simbologias tão fortes que elevam suas criações à condição de testemunhos de uma busca.

Tudo isso, e mais, na exposição Libero Vem Aí !: as 74 preciosidades são compostas por 60 desenhos em gravura digital, além de 14 aquarelas e acrílicas sobre tela, que o pintor, cenógrafo, storyboarder, quadrinista e ilustrador Libero Malavoglia Jr. expõe, a partir da terça-feira, 20 de agosto, na deliciosa galeria La Mínima, em Pinheiros.

O estilo é inconfundível. Alain Voss, mestre franco-brasileiro dos quadrinhos (de quem Libero foi amigo), já lapidava: “o traço do desenhista é como o timbre do cantor”. Na arte de Libero é patente: seu desenho dispensa a assinatura, basta bater o olho. O traço, embora único, percorre múltiplas veredas. A começar da série de ilustrações para um livro sobre os sentimentos humanos, um tour de force pela dificuldade, vencida, de dar corpo a abstrações como “a ilusão” ou “a acolhida”. Outra atração são os desenhos das pin-up, pois Libero não tem nada a dever a Milo Manara e outros cultores da forma feminina. Faixa-preta da arte marcial aikido e praticante de capoeira, o artista capta também movimento e lutas (em Kaiten Nague, Salto, Jogo de Dentro) com domínio técnico análogo à boa arquitetura: esta, com mínimo de paredes, molda o intervalo, o espaço; Libero, com mínimo de linhas, faz o ato emergir, em velocidade, do branco do papel, algo que vale ser visto. O humor também comparece, em pequenas obras primas da hilariedade e da fluidez da pena como Teje Pronto! ou Atirador de Facas. A prova definitiva de maestria fica por conta de paisagens deslumbrantes, como Boipeba, e da profundidade psíquica de algumas obras perturbadoras ou luminosas, como O Desafio, O Inca e Ourives.

A exposição é também uma belo momento de carreira. Libero, como é conhecido, é storyboarder de filmes como “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas; “Carandiru”, de Hector Babenco; “Um Céu de Estrelas”, de Tata Amaral; “Castelo Rá Tim Bum”, de Cao Hamburger, “Ed Mort”; de Alain Fresnot e de centenas de filmes publicitários; ilustrador convidado da coluna do médico Drauzio Varella na “Folha de São Paulo”, criador, com roteiro de Paulo Garfunkel, da série de HQs “O Vira Lata”, que por 10 anos reuniu intensa sensualidade com prevenção contra a Aids em penitenciárias, recentemente transformada em livro de 440 páginas (edições Peixe Grande); ilustrador, com Alex Cerveny, Vera Helena e Maria Eugenia, do livro “Sentimentos Humanos , Origem e Sentidos” de Flavio Di Giorgi; cenógrafo e autor de painéis nas instalações “5x4 Particularidades Coletivas” (SESC Pompéia) e “São Paulo em Revista” (Bienal 91), e na performance “Homero em Rap” (SMC/SP). Além disso é quadrinista em títulos como Animal, Spirit e Monga e ilustrador em livros como “Memórias de um Assoviador”, de Eduardo Alves da Costa, “Rádio Muda” de Renato Tapajós, e “O Valor do Amanhã”, do Instituto UNIB.

A mostra atual nasceu do encontro de Libero com Miguel Paladino, incessante artista plástico e gráfico, cenógrafo e nos últimos anos curador e designer de exposições seminais, como a série de mostras, ocupações e intervenções dedicadas aos poetas Paulo Leminski (Itaú Cultural 2009, Sesc Consolação 2009, Museu Oscar Niemeyer 2012-13; Ecomuseu de Itaipu 2013), Jorge Luís Borges (casa Brasil-França e SESC Vila Mariana 1999, Sesc Consolação 2012) e Julio Cortazar (Casa do Saber 2004), além de inúmeros trabalhos gráficos e cenográficos.