quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

...e depois a louca sou eu, hoje na galeria!

Mariza Dias Costa é uma das mais importantes e influentes ilustradoras da imprensa brasileira.
No Pasquim, na Folha de S.Paulo onde ilustrou o Diário da Corte, de Paulo Francis e as colunas de Contardo Calligaris, Mariza sempre incendiou as páginas com seu traço violento, irônico e incomparável.

No livro, que tem 224 páginas, estão reunidas pela primeira vez mais de 200 ilustrações publicadas em diversos veículos nos últimos 40 anos.
A obra foi organizada por Orlando Pedroso e tem textos de apresentação escritos por Contardo Calligaris, Dr. Marcelo Ribeiro, Laura Capriglione e Orlando Pedroso.
O projeto gráfico com fontes digitais criadas por tipógrafos brasileiros é de Toninho Mendes e a capa é de Claudio Rocha.

Lançamento do livro, exposição, venda de originais e a história da ilustração sendo contada.

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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Paisagens imaginárias - Pinturas de Olga Giongo Ribeiro (sobre tela) e Rubens Matuck (sobre madeira)


A paisagem é sempre um recorte do espaço e, embora não pareça, também do tempo.Tema recorrente nas artes plásticas após o advento do cavalete, a paisagem abarca um amplo espectro de estilos e uma variadissima gama de soluções e técnicas pictóricas para representá-la no quadro que, como uma janela, compartilhamos com o artista quando estamos diante dele. Ninguém que viu um Turner (a bruma marítima de um Turner) pode esquecer daquilo. Ninguém consegue esquecer a vibração das cores com que van Gogh pintou as oliveiras de Saint Remy na luz do sol ou as estrelas e seus reflexos no Rhone.

Pintores como esses observam a paisagem e recortam o que cabe na tela (ou o que eles pensam que cabe ou deve caber) para depois fazernos testemunhas e cúmplices dessa observação. Há um espírito de registro infiel, sensitivo antes que fotográfico, subjetivo mais do que cartográfico. As litografias de Escher na costa amalfitana foram a origem de um mundo que ele representou mais tarde como labiríntico, espelhado, mutante e imaginário, algo semelhante ao que Borges fez nas letras com as enciclopédias de sua infância e os seres imaginários do escritor adulto.


Cézanne foi tal vez o primeiro desses pintores com quem o observador teve que fazer um pacto e concordar com o partido tomado. Estamos fora da realidade e, no entanto, mergulhados nela até o osso: somos o público assistindo uma peça de teatro e mesmo sabendo que aquilo é uma encenação, fingindo que é real. Esse real (se é que isso existe como dado objetivo) se configura através dessas pinturas, a natureza morta parece mais viva que as próprias frutas que comemos, a luz que atravessa as árvores e elas próprias nos parecem mais reais que as que vemos num parque ou numa rua.

- Natureza e cultura, poderá dizer aquele senhor sisudo para quem duas palavras bastam.

As receitas ou conselhos que Leonardo oferece ao pintor (muito antes dos expressionistas) para imitar a natureza na pintura referem “umas nuvenzinhas” que devem ser pintadas no final da obra, como se esse artifício fosse a dose de realidade que estaria faltando para a paisagem se tornar real.

Elaborar um catálogo de nuvens ou um inventário de marinas e morros pode ser tarefa inesgotável, prazerosa e bastante inútil: ou seja, praticamente um trabalho de arte. Se esse catálogo for criado a partir da imaginação, como é o caso de Rubens e Olga nesta mostra, a gama de possibilidades pictóricas que se abre pode estar próxima do infinito.

Advindos de experiências estéticas bem diversas, estes dois artistas se encontram no reduzido espaço de La mínima para um diálogo de imagens aparentemente díspares mas que contém elementos comuns, planos de observação de paisagens (sempre interiores ou que existem em registros da memória sem propósito aparente) onde uma linha (a mesma linha) divide o campo da pintura, céu e terra, nuvens e ondas do mar ou de morros, horizontais sempre, harmônicas com o longo corredor da galeria que ficou, nesta montagem, cheio de janelas por onde espiamos não o exterior mas, antes, o interior: a nossa memória de paisagens reais misturada com aquelas “ nuvenzinhas” do Leonardo, janelas ou “janelinhas” que deixam este nosso mundo menos real e mais imaginário, ou seja, melhor.

Miguel Paladino/ curador residente


Rubens e Olga



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Abertura da exposição Libero vem ai!

Sucesso de público
 apresentação da banda Fabrica

Libero, Luís G, Miguel, Egberto
Miguel Paladino


sábado, 7 de setembro de 2013

DESENH-ARTE ou as SETENTA E QUATRO PRECIOSIDADES (por Fabio Malavoglia)

Celebrado criador lapida desenhos até o estado-de-arte em rara mostra da linguagem na home-gallery La Mínima


Figuras tão expressivas que conseguem retratar claramente sentimentos – como preguiça, tédio, desejo ou estupor. Formas tão fluidas que flagram com pouquíssimos traços o ato marcial do aikido ou o vôo da capoeira. Linhas tão saborosas que esculpem algumas das mais palpáveis pin-up já desenhadas no Brasil. Composições tão bem-humoradas que contagiam de riso a hora em que são vistas. Paisagens tão descortinadas que abrem no papel a paz da Natureza. Simbologias tão fortes que elevam suas criações à condição de testemunhos de uma busca.

Tudo isso, e mais, na exposição Libero Vem Aí !: as 74 preciosidades são compostas por 60 desenhos em gravura digital, além de 14 aquarelas e acrílicas sobre tela, que o pintor, cenógrafo, storyboarder, quadrinista e ilustrador Libero Malavoglia Jr. expõe, a partir da terça-feira, 20 de agosto, na deliciosa galeria La Mínima, em Pinheiros.

O estilo é inconfundível. Alain Voss, mestre franco-brasileiro dos quadrinhos (de quem Libero foi amigo), já lapidava: “o traço do desenhista é como o timbre do cantor”. Na arte de Libero é patente: seu desenho dispensa a assinatura, basta bater o olho. O traço, embora único, percorre múltiplas veredas. A começar da série de ilustrações para um livro sobre os sentimentos humanos, um tour de force pela dificuldade, vencida, de dar corpo a abstrações como “a ilusão” ou “a acolhida”. Outra atração são os desenhos das pin-up, pois Libero não tem nada a dever a Milo Manara e outros cultores da forma feminina. Faixa-preta da arte marcial aikido e praticante de capoeira, o artista capta também movimento e lutas (em Kaiten Nague, Salto, Jogo de Dentro) com domínio técnico análogo à boa arquitetura: esta, com mínimo de paredes, molda o intervalo, o espaço; Libero, com mínimo de linhas, faz o ato emergir, em velocidade, do branco do papel, algo que vale ser visto. O humor também comparece, em pequenas obras primas da hilariedade e da fluidez da pena como Teje Pronto! ou Atirador de Facas. A prova definitiva de maestria fica por conta de paisagens deslumbrantes, como Boipeba, e da profundidade psíquica de algumas obras perturbadoras ou luminosas, como O Desafio, O Inca e Ourives.

A exposição é também uma belo momento de carreira. Libero, como é conhecido, é storyboarder de filmes como “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas; “Carandiru”, de Hector Babenco; “Um Céu de Estrelas”, de Tata Amaral; “Castelo Rá Tim Bum”, de Cao Hamburger, “Ed Mort”; de Alain Fresnot e de centenas de filmes publicitários; ilustrador convidado da coluna do médico Drauzio Varella na “Folha de São Paulo”, criador, com roteiro de Paulo Garfunkel, da série de HQs “O Vira Lata”, que por 10 anos reuniu intensa sensualidade com prevenção contra a Aids em penitenciárias, recentemente transformada em livro de 440 páginas (edições Peixe Grande); ilustrador, com Alex Cerveny, Vera Helena e Maria Eugenia, do livro “Sentimentos Humanos , Origem e Sentidos” de Flavio Di Giorgi; cenógrafo e autor de painéis nas instalações “5x4 Particularidades Coletivas” (SESC Pompéia) e “São Paulo em Revista” (Bienal 91), e na performance “Homero em Rap” (SMC/SP). Além disso é quadrinista em títulos como Animal, Spirit e Monga e ilustrador em livros como “Memórias de um Assoviador”, de Eduardo Alves da Costa, “Rádio Muda” de Renato Tapajós, e “O Valor do Amanhã”, do Instituto UNIB.

A mostra atual nasceu do encontro de Libero com Miguel Paladino, incessante artista plástico e gráfico, cenógrafo e nos últimos anos curador e designer de exposições seminais, como a série de mostras, ocupações e intervenções dedicadas aos poetas Paulo Leminski (Itaú Cultural 2009, Sesc Consolação 2009, Museu Oscar Niemeyer 2012-13; Ecomuseu de Itaipu 2013), Jorge Luís Borges (casa Brasil-França e SESC Vila Mariana 1999, Sesc Consolação 2012) e Julio Cortazar (Casa do Saber 2004), além de inúmeros trabalhos gráficos e cenográficos.



terça-feira, 20 de agosto de 2013

Artista vai da introspecção ao humor em mostra de ilustrações

A seguir matéria publicada no caderno Ilustrada da Folha de São Paulo no dia de hoje, 20 de Agosto (veja o original aqui)


CESAR SOTO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma mistura de brincadeiras e introspecção. É assim que Libero Malavoglia define a sua exposição "Libero Vem Aí", que reúne 74 obras, entre gravuras digitais, aquarelas e acrílicas sobre tela.
O pintor, quadrinista e ilustrador -que ilustra a coluna de Drauzio Varella na Folha- conta que fez a seleção de acordo com as coisas que gosta de registrar: "a natureza, os movimentos das artes marciais, a HQ, minha paixão, um pouco de sensualidade e um pouco de humor, que sem isso não dá", diz.

Detalhe da obra 'Alheamento', uma das peças de Libero Malavoglia que estão na exposição 'Libero Vem Aí', na La Mínima
Malavoglia também destaca a influência de alguns conhecidos nomes dos quadrinhos, como Moebius, Jack Kirby e Hugo Pratt.
Faixa preta em Aikido, Malavoglia utiliza o que aprendeu na arte marcial japonesa em sua arte. "Para fazer um movimento bem feito, você tem que estar calmo, sem tensão, respirando e concentrado", conta. "As duas artes são parecidas mesmo, mas, se a gente pensa ou fala demais nisso, perde e estraga tudo."

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pintura e Pensamento

Roberto Polcan - um artista pensante


Polcan e Carlos


Dos muitos mitos que os humanos cultuamos ou padecemos o da Criação é tal vez o mais difundido em ocidente e também o mais polêmico. Falo aqui daqueles sete dias e o repouso conseqüente durante os quais das trevas fez-se a luz. Aplicado à arte, o termo muda de significado ou adquire um sentido mediado pela obra (a criatura) ou pela vida do artista que passa assim a ser o criador. 

Uma das séries de pinturas de Polcan aqui apresentada não apenas leva o título de Criação com
o pretende mostrar alguns aspectos da paisagem alterada pela labor daquele outro criador ao longo daqueles sete dias. A legenda traz uma interpretação científica deste fenômeno (ou conjunto de fenômenos) que pode ser lida como mais um dos tantos delirios com os quais o homem tenta explicar (infructuosamente) a realidade. O prazer em pintar e o desborde dos materiais que vemos nesta série lembram algumas pinturas conhecidas de Iberê Camargo, de Anselm Kieffer ou aqueles bárbaros de Berlim que tiveram seus quinze minutos de fama.
Aqui temos muito mais uma contenção meditativa: o esboço abreviado (e pensante) de um fenômeno mítico e/ou físico do que a expansão eufórica daqueles desenfreados, para nada pensantes.

O tema pode ser, portanto, inversamente proporcional ao tamanho da obra assim como a dor a quem a cria.
Os filósofos ilustrados (ou Reinterpretando os antigos) é uma série em homenagem a Jostein Gaarder e À espera do novo um conjunto de tres obras recentes que conversam, na galeria, com uma coleção de esculturas e contam, ou parecem contar, os avatares de uma vida de artista: os extremos aqui se tocam.

Miguel Paladino, curador residente